Sobre o autor:
Eugênio Bucci é um jornalista e professor brasileiro. Ele leciona na Escola de Comunicações e Artes da USP e escreve quinzenalmente no jornal O Estado de S. Paulo. Ele também é autor de livros como Sobre Ética e Imprensa (2001) e A Imprensa e o Dever da Liberdade (2009).
Destaques do texto:
"Nesse tempo de presente expandido, vivemos a hipertrofia da valorização ideológica do presente. Dizemos que nós somos o ponto de chegada da evolução das espécies, porque já não dava mais para dizer que somos o centro do sistema solar. Agora está havendo uma revolução equiparável a revolução de Gutenberg."
"A tecnologia, por si, traz também mais diferenciação. Por exemplo, não é verdade que uma pessoa que tem acesso a um computador num quiosque na esquina já seja um incluído digital. Chegar até o computador, aprender alguns procedimentos para acessar um e-mail, para acessar um site, não é uma inclusão digital."
"Inclusão digital e exclusão digital não se referem a dois universos separados por uma linha fina. Tem milhões de níveis de diferenciação dentro do universo das pessoas que efetivamente usam a internet, que é muito diferente de quando nós tínhamos uma comunicação centrada na televisão ou no rádio, porque todos partilhavam do mesmo conteúdo mais ou menos da mesma forma e ao mesmo tempo."
"O que eu quero dizer é: não é a tecnologia que muda a sociedade. Nunca foi. A sociedade, ou os movimentos sociais ou as relações sociais, é o que dão sentido social e histórico para a tecnologia, e não o contrário."
"A televisão e o rádio, num período muito próximo, não vão mais depender desse tipo de tecnologia para o público que tiver acesso a esse tipo de serviço na rede. Não obstante, eu acho que emissoras de rádio, pelos padrões convencionais, e de televisão abertas, vão prosseguir ainda por muito tempo. Elas cumprem uma função insubstituível."
"Tem uma ideia, que eu acho essencial para a compreensão desse debate é que se fala muito de esfera pública, e que é um conceito que foi muito difundido por Habermas, como se sabe, mas a internet não dá a ver tanto o que o Habermas chama de esfera pública, ela dá a ver muito mais a uma outra categoria de Habermas, que é o mundo da vida."
"Internet não é um meio de comunicação. Se ela pode ser análoga a qualquer coisa, ela é mais análoga à luz elétrica. A internet é uma conexão que produz um novo espaço ou propicia um novo espaço, desenvolve uma série de atividades que são muito maiores do que aquelas, e muito mais numerosas e variadas do que aquelas que nós normalmente chamamos de comunicação."