Sobre o autor:
Alex Primo é professor do Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Informação da UFRGS e também é pesquisador do CNPq. É graduado em Jornalismo e Publicidade e Propaganda pela UCPEL, mestre em Jornalismo pela Ball State University e é doutor em Informática na Educação pela UFRGS. Alex Primo é membro fundador da Associação Brasileira de Pesquisadores de Cibercultura.
Lattes: lattes.cnpq.br/1458985996275598
Destaques do texto:
"Enfim, este capítulo buscou mostrar os problemas que emergem a partir do reconhecimento de uma cultura de convergência. Não pretendia -se aqui elencar respostas, mas demonstrar a complexidade da questão. De toda forma, a intenção deste texto foi de alertar que o debate não pode resumir -se à celebração da convergência dos interesses da grande mídia com os desejos de consumo de fãs."
"É neste sentido que o prazer de assistir-se a um filme em um grande cinema não pode ser reproduzido em uma sala de televisão, mesmo que se apague as luzes e se aumente o som. No debate sobre a possível morte do livro em virtude da chegada dos e-books tampouco se considera que a interface do livro oferece certas sensações e usos (como manusear páginas, fazer anotações com maior liberdade e rapidez) que são diferentes dos “similares” digitais. Finalmente, dispositivos móveis, como tablets (iPad, por exemplo) e smartphones, conseguem combinar múltiplas funções, próprias de outros artefatos individuais. Mesmo assim, ainda é melhor ver novelas em uma grande TV e digitar textos em um computador. Enfim, mesmo que os meios digitais estejam aglutinando recursos de outros dispositivos, cada um destes ainda mantém superioridade nas especialidades para os quais foram desenvolvidos."
"Bolter (2001) acrescenta que o uso intensivo de recursos digitais faz a TV muitas vezes parecer-se com páginas da Web. Estes exemplos de remediação nos mostram que a convergência em termos estéticos e retóricos, mesmo que ganhando agora nova intensidade, é um fenômeno nativo do cenário midiático."
"O autor (Jenkins) compreende a convergência como o fluxo de conteúdos através de diferentes plataformas. Além disso, o conceito refere-se também “à cooperação entre múltiplos mercados midiáticos e ao comportamento migratório dos públicos dos meios de comunicação, que vão a quase qualquer parte em busca das experiências de entretenimento que desejam” (p. 29)."
"Um grande número de novos serviços online soube aproveitar o ímpeto produtivo dessa cultura de cooperação na internet, montando negócios a partir de “conteúdo gerado pelo consumidor” (user-generated content). E é assim que sites como Digg.com oferecem como principal atrativo - a interagentes e anunciantes - informações reunidas e/ou criadas por seu público."
"É preciso, no entanto, colocar em discussão justamente o que os estudos de Jenkins preferem ignorar. A saber, as estratégias de poder do grande capital midiático e suas formas de cooptação das utopias libertárias da cibercultura. Enquanto o tom de Jenkins soa como uma celebração, deve-se também avaliar como grupos de fãs são utilizados na reinvenção da produção lucrativa daquelas indústrias."
"Como se vê, o tema não é fácil. Se antes conclusões dicotômicas podiam fazer sentido, a atual estrutura midiática complexificou-se de tal forma que não é possível apontar mocinhos e bandidos. Com o borramento da fronteira entre produção e consumo, com a liberdade de expressão e circulação de informações na rede, com a simplificação das ferramentas de produção e com a popularização dos sites de redes sociais pode-se reconhecer um empoderamento das pessoas desvinculadas de instituições midiáticas."
"Enfim, este capítulo buscou mostrar os problemas que emergem a partir do reconhecimento de uma cultura de convergência. Não pretendia -se aqui elencar respostas, mas demonstrar a complexidade da questão. De toda forma, a intenção deste texto foi de alertar que o debate não pode resumir -se à celebração da convergência dos interesses da grande mídia com os desejos de consumo de fãs."
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